‘o homem que identificou gigantes como miles davis, sun ra e david axelrod como os seus primeiros mestres pode, hoje, reclamar um lugar à parte que, como se começou por explicar, habita em modo perfeitamente solitário, de forma livre e independente, alheio a movimentações de fundo que possam ditar rumos comerciais à indústria. essa liberdade traduz-se não apenas na sua labiríntica e extensa discografia, mas na sua declarada falta de vontade em interagir com a imprensa ou na fraca propensão para apresentações públicas. madlib poderia, facilmente, faturar muito mais, nomeadamente se aceitasse todos os convites que lhe são dirigidos para produzir para terceiros ou integrar cartazes de festivais. felizmente para todos nós prefere fechar-se no seu bomb shelter, rodeado de vinil, e com as suas ferramentas de eleição à mão. e com isso, na verdade, ganhamos todos’.

as palavras são de rui miguel abreu, no rimas e batidas, em 2019, por ocasião dos 25 anos de ‘criatividade sem limites’ de madlib. um ano mais tarde, em 2020, quando o rosto tapado era tendência e o tempo para indagar uma virtude, eu próprio trilhei caminho pelo génio de otis jackson jr. ouvi imensos beats – provavelmente demasiados – vi e ouvi as entrevistas possíveis e tentei criar um universo à volta do produtor americano. como nada fazia sequer justiça ao que tivera lido – com novo destaque para o artigo do rui miguel abreu – e como não tinha e provavelmente não terei conhecimento para algo tão completo, fiquei-me por uma espécie de composição musical com trechos de entrevistas e algumas – poucas – músicas do artista. foi partilhado no youtube e entretanto removido por, cito, ‘conteúdo protegido por direitos de autor’. insisti e, em pouco tempo, criei quase a mesma composição através do spotify – faltam as entrevistas e alguns sons. a discografia de madlib é de tal forma abrangente que os serviços de streaming não têm tudo o que é possível encontrar noutras plataformas. dado isso, fica também aqui uma lista da minha primeira tentativa; deixarei algumas ligações para entrevistas e/ou discussões do próprio madlib, bem como algumas outras coisas de interesse que continuam a habitar neste mundo da internet.

para terminar, mais um trecho do texto de rui miguel abreu que, se assim o entenderem, vos diz o mais importante sobre a carreira e criatividade de um dos maiores nomes do hip hop e da própria indústria musical.

‘madlib é um tipo peculiar, realmente diferente, e provavelmente um dos raros casos dentro do hip hop de um artista que ocupa exatamente o lugar que quer ocupar. nem demasiado alto, onde se vai por vezes parar – quase sempre temporariamente – por desígnios mais ou menos inexplicáveis que se prendem com a ideia do talento ou rasgo de sorte necessários para vingar. nada disso: aos 45 anos [em 2019], otis jackson jr., encontra-se, precisamente, no lugar que sempre pretendeu que fosse o seu, um verdadeiro producer’s producer que ergueu tranquilamente uma obra vastíssima, ferozmente independente, multifacetada e carregada de vários títulos de culto.’

nota: para uma melhor experiência de audição de playlists deste género no spotify, podem ativar a transição gradual entre músicas desta forma.

links:
madlib spotify
madlib instagram
madlib invasion
madlib on stones throw records
madlib on blue note

madlib lecture at red bull academy, sao paulo, 2002
mr. beatrick, factmag, the genious of madlib in 10 essential releases, 2012
madlib about medicine show, 2013
madlib dans radio vinyle #32 sur france inter, radio france, 2014
madlib interview on red bull music academy, new york, 2016
madlib meets the ethiopian legend ayaléw mesfin, 2019
rui miguel abreu, rimas e batidas, madlib: 25 anos de criatividade sem limite, 2019
eden tizard, the quietus culture countered, the strange world of madlib, 2019
an introduction guide to hip-hop’s mad genius: madlib, the interrobang, 2020


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